Entre os anos de 2006 e 2010, o aumento na venda de medicamentos controlados
no Brasil foi de 36%. O dado é revelador de algo bastante sério: os males da
mente, tão comuns na atualidade, vêm sendo tratados com remédios fortes. A
maior parte das pessoas concorda que é difícil não se deixar tomar pelo
estresse e pela ansiedade com a vida cada vez mais corrida, no entanto, o uso
desmedido dos chamados “tarja pretas” não parece ser a melhor solução.
O problema é que muitos buscam respostas milagrosas para o
nervosismo do dia a dia, quando, na verdade, a mudança nos hábitos de vida pode
ser mais eficaz. Os remédios alopáticos são a principal opção, mas podem
causar dependência e diversos efeitos colaterais. Nesse contexto, as ervas
naturais e fitoterápicos surgem como alternativa para quem quer aliviar os
sintomas da ansiedade de forma menos agressiva.
O que é um ansiolítico?
A palavra “ansiolítico” se refere a diversas substâncias que atuam no
sistema nervoso central ajudando no controle da ansiedade. Um ansiolítico pode
ser uma droga sintética, como muitas que são comercializadas hoje em dia, ou
drogas naturais, obtidas por meio de plantas. Isso quer dizer que, na prática,
existem possibilidades de tratamento para a ansiedade diferentes dos remédios
tradicionais. Vários estudos científicos comprovam que algumas plantas, como a
valeriana e a passiflora, têm efeito ansiolítico, ou seja, reduzem o estado de
alerta, relaxam os músculos e atenuam o nervosismo. Essas ervas são usadas no
preparo de fitoterápicos ou de infusões calmantes.
Fitoterápico X Planta Medicinal
Segundo Hudson Canabrava, Professor de Farmacologia na Universidade Federal
de Uberlândia:
Os fitoterápicos, como todo medicamento, passam por uma série de pesquisas
para comprovar sua eficácia. Já as plantas medicinais podem ser usadas de
outras maneiras, no preparo de chás.
Para entender melhor essa distinção, a gente sugere a leitura do artigo O que são fitoterápicos,
mas, em resumo, os fitoterápicos têm eficácia comprovada cientificamente,
diferentemente das plantas medicinais. Uma planta medicinal pode ser usada como
fitoterápico quando cientistas realizam testes e pesquisas que garantem seus
benefícios.
Muitas fórmulas fitoterápicas são feitas a partir de três plantas
reconhecidas como calmantes naturais: a passiflora, a valeriana e a erva de são
joão. Ela contém substâncias que relaxam porque reduzem a atividade do sistema
nervoso. O resultado é a diminuição gradativa da ansiedade, mas de um modo
diferente dos remédios alopáticos. Nesses fitoterápicos, o risco de efeitos
colaterais é reduzido porque os compostos ativos são usados me menor
concentração. Isso pode significar que os resultados obtidos pelo uso dos
medicamento à base de plantas serão mais lentos, porém menos prejudiciais ao
organismo.
Com relação aos chás, eles também podem ser usados, mas o controle sobre as
substâncias ativas é menor. Diferentemente dos remédios, as infusões têm
concentrações variadas dos componentes das plantas e, mesmo seguindo as
recomendações de preparo, o efeito é mais tênue. Por essa razão, os chás também
são alternativas para redução da ansiedade, mas costumam ser mais eficazes
quando as crises não são tão graves. Para insônia, por exemplo, a infusão
calmante surtirá efeito em episódios leves. Para casos mais sérios, os
fitoterápicos são melhores.
Ervas e Plantas Calmantes
Como comentamos antes, várias ervas são tidas como calmantes com o aval dos
cientistas. Vejamos algumas delas:
Erva Cidreira
A erva cidreira, também conhecida como melissa, atua como um calmante
natural porque contém óleos essenciais capazes de agir no sistema nervoso
central. Os compostos da melissa equilibram a produção de serotonina,
substância responsável pela sensação de tranquilidade e bem estar. Por isso, a
planta é indicada em casos de ansiedade, estresse e insônia.
Camomila
Outra planta bastante conhecida como calmante é a camomila. Esse efeito
benéfico se deve, principalmente, à presença de óleos que atuam no sistema
neuronal. Em um estudo cego, cruzado e controlado com placebos, o óleo
extraído da camomila se mostrou como um eficiente sedativo, além de trazer
melhoras para o humor. A planta é mais indicada para casos de insônia e,
combinada com outras ervas, ajuda no controle da ansiedade.
Erva de São João
Segundo estudos, a erva-de-sã0-joão é mais eficaz no combate à depressão. Em
comparação a placebos e medicamentos alopáticos, a erva se mostra tão ou mais
eficiente que o remédio tradicional para casos de depressão leve ou moderado. A
planta também ajuda na melhoria do sono e controle da ansiedade. Os
medicamentos produzidos com o extrato da erva-de-são-joão são mais indicados, mas
o chá da planta também é uma opção.
Passiflora
A passiflora contém substâncias que atuam no sistema nervoso central e
rearranjam os neurotransmissores. Elas também estimulam a produção de
serotonina que, como comentamos antes, causa a sensação de bem estar. Por isso,
a passiflora é tida como um calmante natural, além de ser um sedativo leve.
Essas características fazem com que o remédios feitos a partir da planta sejam
indicados para tratar a ansiedade, o estresse, a insônia e alguns sintomas da
depressão.
Valeriana
A raiz da valeriana é amplamente usada na produção de fitoterápicos com
efeito calmante e ansiolítico. Muitos médicos a utilizam para descontinuar tratamentos
alopáticos com substâncias que causam dependência e efeitos colaterais. Apesar
de atuar nos neurotransmissores, a valeriana não causa dependência química e,
quando consumida corretamente, tem poucas contraindicações. Seu uso é indicado
no tratamento da ansiedade, da insônia e do estresse.
Efeitos Colaterais
Apesar de todos os benefícios já comentados, é sempre
importante salientar que ervas, plantas e medicamentos fitoterápicos devem ser
usados com cautela. Com relação a esses tratamentos naturais, muita gente
acredita que “se não fizer bem, mal não há de fazer”. Porém essa afirmativa é
um mito, pois as substâncias químicas encontradas em plantas medicinais também
pode causar efeitos colaterais e reagir com outros medicamentos. Assim, o uso
de medicamentos naturais e caseiros não dispensa a consulta com um
especialista. Grávidas devem tomar cuidado redobrado com chás e ervas, pois
eles podem interferir na gestação. Somente com orientação médica é
possível aproveitar o lado bom das plantas sem que elas sejam prejudiciais.